sábado, 19 de abril de 2025

A CARTA - PERDÃO OU PERDON?

 

Santo André, 04 de novembro de 2020

 

Oi, Vinícius!

 

Hoje a sua mãe me telefonou pedindo ajuda para um trabalho de escola, eu a vi poucas vezes porque sempre morei em São Paulo. Quando eu era criança, ia para Divinolândia com os meus pais, meu pai sempre gostou de visitar seus tios, lembro de quando conheci sua mãe, fomos à casa da sua avó Carminha, seu avô Renato estava lá e os adultos ficavam um tempão conversando enquanto eu e o meu irmão brincávamos com a sua tia Glaucia; a sua mãe era bem mais nova que a gente. Na adolescência, eu continuei indo para Divinolândia, mas sem os meus pais, ia com a Fátima, pulávamos carnaval com a Tânia e com a Lu. 

Eu adoro as histórias da família, já escrevi até um livro com algumas delas, por isso o primo Emanuel pediu para sua mãe entrar em contato comigo, mas escrevi a partir do encontro do meu avô com a minha avó. Sobre o meu bisavô e seu tataravô, é melhor eu perguntar para o meu irmão.

O meu irmão Douglas queria a cidadania italiana para seus filhos. Pesquisou com a família as pessoas que vieram para o Brasil, os nomes e regiões em que chegaram, depois fez um levantamento nos cartórios e igrejas para localizar as certidões de casamentos e óbitos. Uma outra pesquisa foi feita na Itália para localizar as certidões de nascimento; com elas em mãos, deu entrada no consulado para traduzirem os documentos e autenticarem, e por lá ele deu entrada na cidadania italiana. Demorou três anos entre as primeiras conversas com parentes até a conclusão de todo o processo. Ele conta que o que era para ser apenas a busca por um passaporte europeu, virou a história da origem dos nossos antepassados, que ele teve muita satisfação em conhecer e agora estar nos contando.

Ele escreveu que o Emílio Perdon, que era avô do seu bisavô Paulo e do meu avô Santo, morava na Itália, na província de Vêneto, numa cidade chamada Salzano. Ele chegou ao Brasil no ano de 1904, viajou de navio junto com o seu pai Guglielmo, que tinha 36 anos, com sua mãe Anastácia de 32 anos, sua irmã Emília de 5 anos, seu irmãozinho Vitório com um aninho; o Emílio tinha 4 anos quando chegaram aqui.

O navio em que eles estavam viajando, parou no porto de Vitória, no Espírito Santo e de lá foram para a cidade de São José do Rio Pardo, SP, trabalhar em fazendas de café. É provável que os nomes foram trocados logo que chegaram, Gugliemo Perdon, passou a chamar José Perdão, por isso, na nossa família, encontramos mais o sobrenome Perdão do que Perdon.

Tanto o seu bisavô como o meu avô, colocaram o nome Emílio em um dos seus filhos, por isso que você tem um tio com este nome e o meu pai também, uma homenagem ao Emílio Perdon.

Vinícius, agradeça à sua professora por ter proposto este trabalho, porque não só você ficou conhecendo essa história, como eu, sua mãe e até o Emanuel.

Abraços

                                              

prima Gislaine

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