quarta-feira, 30 de abril de 2025

NÁDIA STANZIS, EU CONFIO E INDICO

 



    Quando fiz a abdominoplastia, estava morrendo de medo, tinha perdido há alguns dias, uma amiga muito querida, no mesmo hospital onde eu iria operar. Eu estava feliz porque sabia que Deus estava cuidando de tudo, afinal iria operar pelo convênio do Estado, confiava na equipe médica para me livrar da "barriga avental", já tinha feito pré-operatório não devia temer. Não devia, porém temia.     Tive que comprar malha, meia de compressão e encontrar uma pessoa para fazer drenagem. Tanta felicidade, tanto medo e tanta coisa para correr atrás.
    Uma amiga tinha feito o mesmo procedimento, o médico dela lhe disse, você faz a drenagem com a fisioterapeuta Nádia ou não faça, dependendo de como a drenagem for feita,  poderá destruir o meu trabalho. 
    Antes do procedimento, essa amiga fazia drenagem com a Meire, eu havia lhe indicado e nós duas gostávamos dela, volta e meia precisava cancelar mas gostávamos da drenagem. Eu não sabia direito o que fazer, tenho a Rosi que é minha amiga e massoterapeuta, a Carol aqui pertinho que eu já fazia com regularidade massagem relaxante, eu realmente não sabia para onde ir.
    Perguntei a Dra. Vivian se ela teria alguém para me indicar ou se eu poderia fazer com qualquer massoterapeuta, ela me orientou a procurar um fisioterapeuta, liguei para minha amiga e peguei o contato da Nádia, liguei, verifiquei o valor e local,  combinamos que quando eu tivesse autorizada a iniciar a drenagem, eu lhe telefonaria. 
    Quando a Dra. Vivian tirou o dreno, eu deveria começar a drenagem no dia seguinte, a Nádia conseguiu me atender, subia a escada do seu espaço bem devagar, ela me ajudava a tirar e colocar a malha, conversávamos muito, me deu dicas de como usar o óleo de Rosa Mosqueta para clarear a cicatriz, me tranquilizava. 
    Ela é um exemplo de escolhas saudáveis, cuida do seu corpo com musculação e corrida, dessa maneira esta sempre pronta para cuidar do corpo de outras pessoas. Na época, sua mãe estava adoentada, o que lhe exigia dormir em hospital, levar a mãe em consultas e mesmo assim cuidava de si e dos seus pacientes. 
   Dessa vez a Dra. Vivian me falou que eu não poderia subir escadas, que a cruroplastia teria um pós mais delicado e a drenagem teria que ser feita em casa. Fiquei apavorada. Se da primeira vez eu não sabia com quem faria a drenagem, dessa vez eu só queria a Nádia. Mas será que ela viria em casa? Liguei morrendo de medo de ouvir não. Mas ela perguntou o endereço dos meus pais e disse que viria. Ficou de falar o preço e eu disse: - Vou pagar, o que você cobrar, não importa o valor, eu quero você! (Ela não levou em conta o "não importa o valor")
    E ela veio em casa 10 vezes, ligava nos dias em que não tínhamos drenagem para saber como eu estava, falou dos benefícios do laser e que não cobraria a mais para usá-lo mas de maneira ética respeitou a orientação da minha médica em não fazer, sempre uniformizada,  pontual e carinhosa comigo e com os meus pais. 
    Quando minha médica disse que a drenagem não era mais  obrigatória, mas recomendada, perguntei se poderia seguir a orientação sobre a frequência com a fisioterapeuta, a médica me olhou meio desconfiada, será que a profissional não iria pedir mais vezes do que eu realmente precisava, com certeza não. Afinal, é a Nádia. Ela mesmo já tinha sugerido duas vezes por semana e eu fui duas semanas em seu aconchegante espaço,  decorado com certificados, quadros relacionados a fisioterapia, flores, pássaros e mensagem que mostra sua Fé, drenagem, conversa, MPB e um super cochilo no final.
    Hoje deixei suspensa a nossa próxima consulta, dependia de uma resposta da nutricionista.
    Minha vida financeira é uma piada, não tenho dívidas, sou uma excelente pagadora mas cancelo a nutricionista para ir a fisioterapia, paro com o psicólogo para ir ao dentista, depois paro a fisioterapia para retornar na nutricionista. Isso não é falta de dinheiro, minha mãe me proibiu de falar isso, uma psicóloga já tinha me sugerido mas minha me PROIBIU, estou só trabalhando as prioridades ... risos
    A Nádia me disse, fica tranquila, você está ótima, tudo bem se não fizer agora e se decidir voltar a fazer, uma vez por semana já é o suficiente.
    Nádia Stanzis, eu confio e indico.

sábado, 19 de abril de 2025

FAMÍLIA NASCIMENTO

Família Completa

Maria da Luz do Nascimento

Auréa, Aurenice e Aurelita

Em 1943, o senhor Alexandrino Francisco do Nascimento, meu avô, vendeu tudo o que tinha em Pernambuco e veio para São Paulo com parte da família. Sua primeira residência foi na Rua Cordovil, na Vila Humaitá, em Santo André. 

Três anos depois, enviou uma carta para seu filho José Francisco do Nascimento, meu pai, informando que a empresa Pirelli estava contratando novos funcionários.

E foi assim que meu pai e minha mãe, Maria da Luz do Nascimento, grávida de três meses da minha irmã, Áurea do Nascimento, chegaram a Santo André, moraram com o meu avô por um ano e depois se mudaram para a rua Mauriti, número 53.

Nesta casa, a família ficou completa com o meu nascimento e o da minha irmã caçula, Aurenice Maria do Nascimento.

Moramos na Vila Humaitá até 1963. A casa era de propriedade do Sr. Artur. Depois nos mudamos para nossa casa própria na Vila Guarani.

Hoje, somente eu estou viva e através deste breve relato e de alguns objetos, pretendo resgatar e apresentar a memória de nossa família. 


Aurelita Maria do Nascimento

@aurelitaperdao






A CARTA - PERDÃO OU PERDON?

 

Santo André, 04 de novembro de 2020

 

Oi, Vinícius!

 

Hoje a sua mãe me telefonou pedindo ajuda para um trabalho de escola, eu a vi poucas vezes porque sempre morei em São Paulo. Quando eu era criança, ia para Divinolândia com os meus pais, meu pai sempre gostou de visitar seus tios, lembro de quando conheci sua mãe, fomos à casa da sua avó Carminha, seu avô Renato estava lá e os adultos ficavam um tempão conversando enquanto eu e o meu irmão brincávamos com a sua tia Glaucia; a sua mãe era bem mais nova que a gente. Na adolescência, eu continuei indo para Divinolândia, mas sem os meus pais, ia com a Fátima, pulávamos carnaval com a Tânia e com a Lu. 

Eu adoro as histórias da família, já escrevi até um livro com algumas delas, por isso o primo Emanuel pediu para sua mãe entrar em contato comigo, mas escrevi a partir do encontro do meu avô com a minha avó. Sobre o meu bisavô e seu tataravô, é melhor eu perguntar para o meu irmão.

O meu irmão Douglas queria a cidadania italiana para seus filhos. Pesquisou com a família as pessoas que vieram para o Brasil, os nomes e regiões em que chegaram, depois fez um levantamento nos cartórios e igrejas para localizar as certidões de casamentos e óbitos. Uma outra pesquisa foi feita na Itália para localizar as certidões de nascimento; com elas em mãos, deu entrada no consulado para traduzirem os documentos e autenticarem, e por lá ele deu entrada na cidadania italiana. Demorou três anos entre as primeiras conversas com parentes até a conclusão de todo o processo. Ele conta que o que era para ser apenas a busca por um passaporte europeu, virou a história da origem dos nossos antepassados, que ele teve muita satisfação em conhecer e agora estar nos contando.

Ele escreveu que o Emílio Perdon, que era avô do seu bisavô Paulo e do meu avô Santo, morava na Itália, na província de Vêneto, numa cidade chamada Salzano. Ele chegou ao Brasil no ano de 1904, viajou de navio junto com o seu pai Guglielmo, que tinha 36 anos, com sua mãe Anastácia de 32 anos, sua irmã Emília de 5 anos, seu irmãozinho Vitório com um aninho; o Emílio tinha 4 anos quando chegaram aqui.

O navio em que eles estavam viajando, parou no porto de Vitória, no Espírito Santo e de lá foram para a cidade de São José do Rio Pardo, SP, trabalhar em fazendas de café. É provável que os nomes foram trocados logo que chegaram, Gugliemo Perdon, passou a chamar José Perdão, por isso, na nossa família, encontramos mais o sobrenome Perdão do que Perdon.

Tanto o seu bisavô como o meu avô, colocaram o nome Emílio em um dos seus filhos, por isso que você tem um tio com este nome e o meu pai também, uma homenagem ao Emílio Perdon.

Vinícius, agradeça à sua professora por ter proposto este trabalho, porque não só você ficou conhecendo essa história, como eu, sua mãe e até o Emanuel.

Abraços

                                              

prima Gislaine

segunda-feira, 17 de março de 2025

REPARAÇÕES ATRAVÉS DA CRUROPLASTIA

    Aprendi a falar a palavra "cruroplastia" com mais facilidade do que aprendi a falar abdominoplastia mas reconheço que é uma palavra que não dá dicas do que se trata. Eu sempre preciso explicar do que se trata,  talvez eu pudesse me referir a esse procedimento como lifting de coxas mas cruroplastia fica mais chique, envolve mistério, provoca uma certa curiosidade em quem ouve essa palavra pela primeira vez e eu acho até fofo quando a doutora a chama de "cruro" e se pra ela é cruroplastia pra mim também será.

Cruroplastia é o termo utilizado em cirurgia plástica para designar a cirurgia realizada para correção da flacidez dos membros inferiores, especialmente da coxa. A origem do termo encontra-se no latim -?crus? , que significa perna. Essa cirurgia é feita normalmente através de um corte localizado no sulco inguinal. https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/cruroplastia/corre%C3%A7%C3%A3o/ (acesso em 17 de março de 2025)

    Mas a palavra chave aqui é reparação, é isso que eu vou fazer uma reparação, eu estiquei demais a minha pele, minhas coxas ficaram a maior parte desses meus 52 anos friccionadas uma na outra, pelos encravados, pele machucada, tantas calças jeans rasgadas, é uma pele sofrida que não conseguiu voltar, sobrou e poder cortar, puxar e emendar novamente é uma "reparação".


    Vou ganhar duas cicatrizes enormes, estou ciente disso, toda cirurgia plástica envolve troca, troca-se uma parte do corpo que não te faz feliz por uma cicatriz e eu neste caso pelas cicatrizes, duas grandes cicatrizes e serei grata a elas, que irão me lembrar do que já fiz com esse corpo mas não com culpa mas com gratidão por tudo o que vivi até aqui e viverei com esse corpo que é minha casa, onde eu habito.


    Eu não sabia se gravava outro vídeo no youtube ou escrevia um texto aqui no blog, mas sabia que tinha que registrar esse momento e compartilhar com meus amigos e minhas amigas e até com quem não me conhece porque às pessoas precisam saber que sim é possível fazer uma reparação,  consertar, renovar o nosso corpo.

    Tenho feito as pazes com o meu corpo há um pouco mais de quatro anos, quando comecei a comer direito, comer para me nutrir e não para alimentar minhas emoções e espírito, faço musculação e danço, danço muito, quando danço também faço uma reparação mas no campo emocional e espiritual e isso me fez emagrecer e com o emagrecimento, a pele sobrou.

        E só uma equipe de profissionais capacitados e muito bem capacitados conseguem através de uma cirurgia removê-la, é um procedimento caro e se eu tivesse que pagar é bem provável que eu nunca faria, mas Deus é tão bom que permitiu que eu fizesse esse procedimento no Iamspe, no mesmo lugar que fiz a abdominoplastia, com a mesma doutora Vivian Scalco que me acolheu e me operou  em outubro de 2023. O fato de eu ser conveniada do Iamspe  permite que eu faça uma reparação com o meu corpo e o Estado faça uma reparação com o quanto investiu no meu salário como professora de Arte ao longo desses 28 anos em que sou servidora pública, exerço a minha função de uma maneira impecável não dando peso ao fato de ser tão desvalorizada pelo poder público.

      O dinheiro esta chegando até mim através de procedimentos cirúrgicos e neste momento eu não devo questionar apenas agradecer. A palavra estética, não se trata de "padrão de beleza" mas de sentidos, de como me percebo, me sinto.


    Eu estava magra mas não me via magra, quando fui tomar banho após ter feito a abdominoplastia e olhei para o espelho e não vi a pele caída, eu consegui me ver exatamente como eu sou, a distorção de imagem que me deixava gordinha com 107 kgs ou 74 kgs como num toque de mágica desapareceu, eu nunca tinha me visto exatamente como eu era, a abdominoplastia permitiu esse milagre e aguardo com fé os milagres dessa cruroplastia.

    Gosto de sempre deixar claro que a gordura nunca foi um problema pra mim, bem resolvida, usava biquini e até nu no teatro já fiz, o que sempre me perturbou foi a compulsão alimentar, eu sempre soube que não era normal aguardar a visita ir embora pra comer o resto da pizza. Assim como não era normal ter tanto medo de pegar Covid e estar no grupo de risco, usar máscara, álcool em gel e se entupir de comida, era insano, quando entendi que a doença era séria, progressiva e fatal busquei ajuda.

     Magra a pele apareceu, incomodou, não me agradou, a pele da barriga e a pele da perna, os demais excessos só por hoje não me incomodam, abdominoplastia e cruroplastia no mesmo momento não seria possível, priorizei a abdominoplastia mas chegou o dia da cruroplastia, hoje interno, amanhã opero e na quarta-feira vou para os meus pais, para o colo dos meus pais, para o afeto dos meus pais.~

    Tudo isso se Deus quiser, se Ele permitir, são tantos papeis que assinamos, precisei até de testemunha que estou ciente de todos os riscos inclusive "ir para o saco", mas dará tudo certo, tenho Fé, e estou rodeada de pessoas de fé, sim eu peço que orem por mim, pela Dra. Vivian, pelo Dr. Hélio e toda a equipe.

    Na sexta-feira os meus estudantes da EJA, fizeram uma fila e foram todos juntos até o ateliê de arte onde eu guardava o som, foram me abraçar e me abençoar com desejos de boa sorte, até os adolescentes, escrever sobre isso novamente faz lágrimas rolarem em meu rosto, lágrimas de emoção por tanto amor que recebo nessa vida. 

    Não importa quantas motos me furtem, no sábado roubaram minha segunda moto, as coisas boas sempre gritam em minha vida enquanto as ruins sussurram. Deus é muito bom, e acreditar em Sua existência, me traz a confiança de que dará tudo certo, daqui um tempo será apenas uma marquinha para eu ficar ainda mais parecida com o meu pai.


    Vou dar notícias pelo Instagram que é fechado para os meus conhecidos e conhecidas, só por hoje devo chegar no hospital por volta das 13h, amanhã opero, minha amiga e vizinha Débora ficará comigo no hospital no pós cirúrgico e na quarta-feira eu tenho alta, trinta dias sem dar aula em Diadema e quarenta e cinco dias sem dar aula no Estado, sessenta dias sem academia e forró. 

    Não dar aula e não dançar envolve sacrifício, mas como diz a vó da minha dentista doutora Fernanda, "Se bonita queres ser um pouco terás que sofrer".

    

    


        

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

NEM MAGRINHA E NEM GORDONA, SEMPRE GORDINHA


            Era assim que eu me via, comprar roupa sempre foi um tormento, eu pegava a peça, olhava para a pessoa ao lado, conhecida ou não e perguntava, você acha que serve pra mim?

Nunca gostei de experimentar roupas nos provadores, pra fechar calças tinha que ser sempre deitada, e quando fechavam nunca ficavam como eu gostaria que ficasse, se eu comprasse sem experimentar ficava com a ideia de que serviria até chegar em casa, depois eu guardava para o dia que fosse servir.

Meu guarda-roupa tinha tanta coisa que não servia, a desculpa era posso emagrecer, posso engordar, posso usar como figurino no teatro eu não dava nada. Durante algumas dietas eu ia separando numa sacola tudo o que ia ficando largo, porque queria medir o emagrecimento através da quantidade de calças que foram deixando de servir, mas logo voltava a usá-las.

Antes dos 49 anos eu nunca tinha chegado no meu peso ideal, mas muitas vezes cheguei perto do peso ideal, fazia alguma dieta mirabolante emagrecia e quando estava quase no peso ideal engordava tudo novamente e mais um pouco, cheguei a trabalhar em terapia o medo de ser magra.

Quando vejo minhas fotos de bebê, me acho muito fofa, as que tem dobrinhas eu acho ainda mais linda, minha mãe fez um álbum com os fotógrafos que passam nas casas prestando esse tipo de serviço e eu adoro minhas fotos, elas estão embaixo do vidro da escrivaninha do meu quarto de solteira e eu tenho o desejo de leva-las para o loft que deve ser minha próxima moradia.

Quando criança eu não era gorda, mas mamei até os 7 anos de idade e tinha fotos mamando, uma delas, com a mamadeira numa “tonquinha” e o cabelo todo bagunçado, acabei perdendo quando deixei com o meu primeiro psicólogo na época da faculdade.

Dos 5 aos 7 anos usei bota ortopedia e depois até os 9 um sapato preto, estilo boneca, com palmilha, quando a moda eram as sandálias  “Melissinha”

Me recordo que odiava ter que tomar banho quando saia da aula de natação no “Peixinho Dourado”, os chuveiros não tinham porta, eu ia bem rápido e me enrolava na toalha, que vergonha,  eu pré-adolescente já me sentia gordinha e inapropriada.

Quando tinha concurso de miss na rua eu sempre me oferecia pra fazer parte do júri, lembro de estar com uma roupa bonita o cabelo bem arrumado, está vindo em minha memória um detalhe do vestido de noiva da minha mãe no penteado que ela me fez mas não tenho certeza se isso é real ou fruto da minha imaginação vou precisar checar, mesmo bem arrumada eu jamais seria páreo para a minha prima e amigas.

Eu me desenvolvi muito rápido, a Priscila também mas ela tinha corpo de bailarina, mas as outras meninas eram magrelas, podiam colocar qualquer roupa, eu tinha um pernão, um bundão e isso fazia eu parecer uma menina mais velha, uma vez um homem mexeu comigo na rua, estávamos saindo do Hospital Amigo na Dom Pedro e o homem passou de carro e mexeu,  lembro que o meu pai ficou furioso com o homem.

Eu gostava de colocar bermudinha colada e camisetas largas, enrolava a camiseta atrás pra mostrar a bunda e soltava ela na frente pra esconder a barriga, uma vez eu estava indo pular carnaval na matinê do Aramaçan com as minhas amigas, e quando dei tchau para o meu pai ele me fez voltar e trocar de roupa, chorei muito, coloquei uma outra bermudinha de lycra preta mais comprida mas assim que sai na rua enrolei ela, eu queria ser sexy, os meninos passavam a mão nas meninas e isso me ofendia ao mesmo tempo que me deixava envaidecida.

Na quinta-série sai da escola pública e fui pra privada, agora além de feia era pobre ... Aff! Em quatro anos fui convidada para seis festas, e isso era pouco, porque eram muitas festas eu via o povo entregando os convitinhos e eu ficava de fora, duas eu não fui, uma era da minha prima, e as outras três que dificuldade arrumar roupa pra ir e comprar presente.

As lojas de marca não tinham roupas que serviam em mim, meus pais já não tinham dinheiro pra ostentar e mesmo se tivessem nada me servia, fui ter a primeira calça da Zoom eu já trabalhava, usei até acabar, toda rasgada no meio das pernas por conta das coxas.  Tive um Nike que a lingueta até saiu de tanto puxar pra aparecer a marca, tive um iate comprado na Mesbla rasgou no dedão, tinha um chulé horrível e quando minha mãe jogou fora eu enlouqueci.

Eu andava muito com a minha prima Priscila, e ela sempre foi muito linda, loira, fazia ballet, tinha casa na praia, estava sempre bronzeada com aqueles pelinhos da perna loirinho, eu me comparava e me sentia sempre inferior por conta da imagem corporal, sempre gordinha. Quantas noites dormi com uma meia fina na cabeça pra alisar o cabelo, que enrolado que não me permitia ter a franjinha da moda, o cabelo repicado da moda,  foi enrolar bem na adolescência, época em que qualquer espinha parece um tumor, como eu queria ser igual todo mundo, que fase difícil.

Quando entrei no Ensino Médio, mudei de escola, comecei a trabalhar e o corpo ainda era um problema, tantas dietas. Com 14 anos tive um namoro que três meses e com 15 anos tive um namoro que durou um ano e três meses, esse segundo namorado me chamava carinhosamente de gorda e eu a ele de magrelo, apesar de ter conseguido namorar nesta época eu estava sempre fazendo dietas para emagrecer. Com 17 anos eu comecei a fazer teatro e o teatro mudou minha relação com o meu corpo e com o meu medo do que pensariam de mim, o teatro fez com que eu valorizasse o meu corpo e o meu pensamento, era uma gordinha feliz, sempre gordinha independente do peso na balança.

Até os 48 anos engorde e emagreci milhares de vezes e em alta velocidade, conheci meu ex-marido eu estava com 74 quilos, o objetivo naquela época era vestir o vestido do baile de debutante no aniversário de 40 anos, casei 1 anos e cinco meses depois com 91 quilos num vestido plus size.

Durante a pandemia cheguei a 107 quilos, tenho muitos vídeos desta época, além das aulas gravadas para os alunos, organizava uns eventos virtuais para a família pelo whatsapp, vou anexar alguns deles, eu não me incomodava com foto, vídeo, era a mesma gordinha de sempre com 70gs ou 100kgs era a gordinha desencanada com a imagem corporal.

https://youtu.be/pWOJ7f1ElLA?si=_rBOsyeHM_J6OiSG (acesso em 20 de janeiro de 2025)

https://youtu.be/dgZwuHbRKQg?si=iwlDC3_waksYMS45 (acesso em 20 de janeiro de 2025)

Porém, quando cheguei no meu peso ideal, pela primeira vez na vida eu ouvi de uma nutricionista agora é manter, eu ainda me via gordinha, somente quando fiz a abdominoplastia em outubro de 2023 que olhei para o espelho quando ia tomar banho e vi exatamente o meu corpo como é, que experiência incrível que continuo vivendo um dia de cada vez.