quarta-feira, 30 de abril de 2025
NÁDIA STANZIS, EU CONFIO E INDICO
sábado, 19 de abril de 2025
FAMÍLIA NASCIMENTO
Em 1943, o senhor Alexandrino Francisco do Nascimento, meu avô, vendeu tudo o que tinha em Pernambuco e veio para São Paulo com parte da família. Sua primeira residência foi na Rua Cordovil, na Vila Humaitá, em Santo André.
Três anos depois, enviou uma carta para seu filho José Francisco do Nascimento, meu pai, informando que a empresa Pirelli estava contratando novos funcionários.
E foi assim que meu pai e minha mãe, Maria da Luz do Nascimento, grávida de três meses da minha irmã, Áurea do Nascimento, chegaram a Santo André, moraram com o meu avô por um ano e depois se mudaram para a rua Mauriti, número 53.
Nesta casa, a família ficou completa com o meu nascimento e o da minha irmã caçula, Aurenice Maria do Nascimento.
Moramos na Vila Humaitá até 1963. A casa era de propriedade do Sr. Artur. Depois nos mudamos para nossa casa própria na Vila Guarani.
Hoje, somente eu estou viva e através deste breve relato e de alguns objetos, pretendo resgatar e apresentar a memória de nossa família.
Aurelita Maria do Nascimento
@aurelitaperdao
A CARTA - PERDÃO OU PERDON?
Santo André, 04 de novembro de 2020
Oi, Vinícius!
Hoje a sua mãe me telefonou pedindo
ajuda para um trabalho de escola, eu a vi poucas vezes porque sempre morei em
São Paulo. Quando eu era criança, ia para Divinolândia com os meus pais, meu
pai sempre gostou de visitar seus tios, lembro de quando conheci sua mãe, fomos
à casa da sua avó Carminha, seu avô Renato estava lá e os adultos ficavam um
tempão conversando enquanto eu e o meu irmão brincávamos com a sua tia Glaucia;
a sua mãe era bem mais nova que a gente. Na adolescência, eu continuei indo
para Divinolândia, mas sem os meus pais, ia com a Fátima, pulávamos carnaval
com a Tânia e com a Lu.
Eu adoro as histórias da família, já
escrevi até um livro com algumas delas, por isso o primo Emanuel pediu para sua
mãe entrar em contato comigo, mas escrevi a partir do encontro do meu avô com a
minha avó. Sobre o meu bisavô e seu tataravô, é melhor eu perguntar para o meu
irmão.
O meu
irmão Douglas queria a cidadania italiana para seus filhos. Pesquisou com a
família as pessoas que vieram para o Brasil, os nomes e regiões em que
chegaram, depois fez um levantamento nos cartórios e igrejas para localizar as
certidões de casamentos e óbitos. Uma outra pesquisa foi feita na Itália para
localizar as certidões de nascimento; com elas em mãos, deu entrada no
consulado para traduzirem os documentos e autenticarem, e por lá ele deu
entrada na cidadania italiana. Demorou três anos entre as primeiras conversas com
parentes até a conclusão de todo o processo. Ele conta que o que era para ser
apenas a busca por um passaporte europeu, virou a história da origem dos nossos
antepassados, que ele teve muita satisfação em conhecer e agora estar nos
contando.
Ele escreveu que o Emílio Perdon, que
era avô do seu bisavô Paulo e do meu avô Santo, morava na Itália, na província
de Vêneto, numa cidade chamada Salzano. Ele chegou ao Brasil no ano de 1904,
viajou de navio junto com o seu pai Guglielmo, que tinha 36 anos, com sua mãe
Anastácia de 32 anos, sua irmã Emília de 5 anos, seu irmãozinho Vitório com um
aninho; o Emílio tinha 4 anos quando chegaram aqui.
O navio em que eles estavam viajando,
parou no porto de Vitória, no Espírito Santo e de lá foram para a cidade de São
José do Rio Pardo, SP, trabalhar em fazendas de café. É provável que os nomes
foram trocados logo que chegaram, Gugliemo Perdon, passou a chamar José Perdão,
por isso, na nossa família, encontramos mais o sobrenome Perdão do que Perdon.
Tanto o seu bisavô como o meu avô,
colocaram o nome Emílio em um dos seus filhos, por isso que você tem um tio com
este nome e o meu pai também, uma homenagem ao Emílio Perdon.
Vinícius, agradeça à sua professora
por ter proposto este trabalho, porque não só você ficou conhecendo essa
história, como eu, sua mãe e até o Emanuel.
Abraços
prima Gislaine
segunda-feira, 17 de março de 2025
REPARAÇÕES ATRAVÉS DA CRUROPLASTIA
Aprendi a falar a palavra "cruroplastia" com mais facilidade do que aprendi a falar abdominoplastia mas reconheço que é uma palavra que não dá dicas do que se trata. Eu sempre preciso explicar do que se trata, talvez eu pudesse me referir a esse procedimento como lifting de coxas mas cruroplastia fica mais chique, envolve mistério, provoca uma certa curiosidade em quem ouve essa palavra pela primeira vez e eu acho até fofo quando a doutora a chama de "cruro" e se pra ela é cruroplastia pra mim também será.
Cruroplastia é o termo utilizado em cirurgia plástica para designar a cirurgia realizada para correção da flacidez dos membros inferiores, especialmente da coxa. A origem do termo encontra-se no latim -?crus? , que significa perna. Essa cirurgia é feita normalmente através de um corte localizado no sulco inguinal. https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/cruroplastia/corre%C3%A7%C3%A3o/ (acesso em 17 de março de 2025)
Mas a palavra chave aqui é reparação, é isso que eu vou fazer uma reparação, eu estiquei demais a minha pele, minhas coxas ficaram a maior parte desses meus 52 anos friccionadas uma na outra, pelos encravados, pele machucada, tantas calças jeans rasgadas, é uma pele sofrida que não conseguiu voltar, sobrou e poder cortar, puxar e emendar novamente é uma "reparação".
Tenho feito as pazes com o meu corpo há um pouco mais de quatro anos, quando comecei a comer direito, comer para me nutrir e não para alimentar minhas emoções e espírito, faço musculação e danço, danço muito, quando danço também faço uma reparação mas no campo emocional e espiritual e isso me fez emagrecer e com o emagrecimento, a pele sobrou.
E só uma equipe de profissionais capacitados e muito bem capacitados conseguem através de uma cirurgia removê-la, é um procedimento caro e se eu tivesse que pagar é bem provável que eu nunca faria, mas Deus é tão bom que permitiu que eu fizesse esse procedimento no Iamspe, no mesmo lugar que fiz a abdominoplastia, com a mesma doutora Vivian Scalco que me acolheu e me operou em outubro de 2023. O fato de eu ser conveniada do Iamspe permite que eu faça uma reparação com o meu corpo e o Estado faça uma reparação com o quanto investiu no meu salário como professora de Arte ao longo desses 28 anos em que sou servidora pública, exerço a minha função de uma maneira impecável não dando peso ao fato de ser tão desvalorizada pelo poder público.
O dinheiro esta chegando até mim através de procedimentos cirúrgicos e neste momento eu não devo questionar apenas agradecer. A palavra estética, não se trata de "padrão de beleza" mas de sentidos, de como me percebo, me sinto.
Gosto de sempre deixar claro que a gordura nunca foi um problema pra mim, bem resolvida, usava biquini e até nu no teatro já fiz, o que sempre me perturbou foi a compulsão alimentar, eu sempre soube que não era normal aguardar a visita ir embora pra comer o resto da pizza. Assim como não era normal ter tanto medo de pegar Covid e estar no grupo de risco, usar máscara, álcool em gel e se entupir de comida, era insano, quando entendi que a doença era séria, progressiva e fatal busquei ajuda.
Magra a pele apareceu, incomodou, não me agradou, a pele da barriga e a pele da perna, os demais excessos só por hoje não me incomodam, abdominoplastia e cruroplastia no mesmo momento não seria possível, priorizei a abdominoplastia mas chegou o dia da cruroplastia, hoje interno, amanhã opero e na quarta-feira vou para os meus pais, para o colo dos meus pais, para o afeto dos meus pais.~
Na sexta-feira os meus estudantes da EJA, fizeram uma fila e foram todos juntos até o ateliê de arte onde eu guardava o som, foram me abraçar e me abençoar com desejos de boa sorte, até os adolescentes, escrever sobre isso novamente faz lágrimas rolarem em meu rosto, lágrimas de emoção por tanto amor que recebo nessa vida.
Não importa quantas motos me furtem, no sábado roubaram minha segunda moto, as coisas boas sempre gritam em minha vida enquanto as ruins sussurram. Deus é muito bom, e acreditar em Sua existência, me traz a confiança de que dará tudo certo, daqui um tempo será apenas uma marquinha para eu ficar ainda mais parecida com o meu pai.
Não dar aula e não dançar envolve sacrifício, mas como diz a vó da minha dentista doutora Fernanda, "Se bonita queres ser um pouco terás que sofrer".
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
NEM MAGRINHA E NEM GORDONA, SEMPRE GORDINHA
Era assim que eu me via, comprar roupa sempre foi um tormento, eu pegava a peça, olhava para a pessoa ao lado, conhecida ou não e perguntava, você acha que serve pra mim?
Nunca gostei
de experimentar roupas nos provadores, pra fechar calças tinha que ser sempre
deitada, e quando fechavam nunca ficavam como eu gostaria que ficasse, se eu
comprasse sem experimentar ficava com a ideia de que serviria até chegar em
casa, depois eu guardava para o dia que fosse servir.
Meu
guarda-roupa tinha tanta coisa que não servia, a desculpa era posso emagrecer,
posso engordar, posso usar como figurino no teatro eu não dava nada. Durante
algumas dietas eu ia separando numa sacola tudo o que ia ficando largo, porque
queria medir o emagrecimento através da quantidade de calças que foram deixando
de servir, mas logo voltava a usá-las.
Antes dos 49
anos eu nunca tinha chegado no meu peso ideal, mas muitas vezes cheguei perto
do peso ideal, fazia alguma dieta mirabolante emagrecia e quando estava quase
no peso ideal engordava tudo novamente e mais um pouco, cheguei a trabalhar em
terapia o medo de ser magra.
Quando vejo
minhas fotos de bebê, me acho muito fofa, as que tem dobrinhas eu acho ainda
mais linda, minha mãe fez um álbum com os fotógrafos que passam nas casas
prestando esse tipo de serviço e eu adoro minhas fotos, elas estão embaixo do
vidro da escrivaninha do meu quarto de solteira e eu tenho o desejo de leva-las
para o loft que deve ser minha próxima moradia.
Quando criança
eu não era gorda, mas mamei até os 7 anos de idade e tinha fotos mamando, uma
delas, com a mamadeira numa “tonquinha” e o cabelo todo bagunçado, acabei
perdendo quando deixei com o meu primeiro psicólogo na época da faculdade.
Dos 5 aos 7
anos usei bota ortopedia e depois até os 9 um sapato preto, estilo boneca, com
palmilha, quando a moda eram as sandálias
“Melissinha”
Me recordo que
odiava ter que tomar banho quando saia da aula de natação no “Peixinho
Dourado”, os chuveiros não tinham porta, eu ia bem rápido e me enrolava na
toalha, que vergonha, eu pré-adolescente
já me sentia gordinha e inapropriada.
Quando tinha
concurso de miss na rua eu sempre me oferecia pra fazer parte do júri, lembro
de estar com uma roupa bonita o cabelo bem arrumado, está vindo em minha
memória um detalhe do vestido de noiva da minha mãe no penteado que ela me fez
mas não tenho certeza se isso é real ou fruto da minha imaginação vou precisar
checar, mesmo bem arrumada eu jamais seria páreo para a minha prima e amigas.
Eu me
desenvolvi muito rápido, a Priscila também mas ela tinha corpo de bailarina,
mas as outras meninas eram magrelas, podiam colocar qualquer roupa, eu tinha um
pernão, um bundão e isso fazia eu parecer uma menina mais velha, uma vez um
homem mexeu comigo na rua, estávamos saindo do Hospital Amigo na Dom Pedro e o
homem passou de carro e mexeu, lembro
que o meu pai ficou furioso com o homem.
Eu gostava de
colocar bermudinha colada e camisetas largas, enrolava a camiseta atrás pra
mostrar a bunda e soltava ela na frente pra esconder a barriga, uma vez eu
estava indo pular carnaval na matinê do Aramaçan com as minhas amigas, e quando
dei tchau para o meu pai ele me fez voltar e trocar de roupa, chorei muito,
coloquei uma outra bermudinha de lycra preta mais comprida mas assim que sai na
rua enrolei ela, eu queria ser sexy, os meninos passavam a mão nas meninas e
isso me ofendia ao mesmo tempo que me deixava envaidecida.
Na
quinta-série sai da escola pública e fui pra privada, agora além de feia era
pobre ... Aff! Em quatro anos fui convidada para seis festas, e isso era pouco,
porque eram muitas festas eu via o povo entregando os convitinhos e eu ficava
de fora, duas eu não fui, uma era da minha prima, e as outras três que
dificuldade arrumar roupa pra ir e comprar presente.
As lojas de
marca não tinham roupas que serviam em mim, meus pais já não tinham dinheiro
pra ostentar e mesmo se tivessem nada me servia, fui ter a primeira calça da
Zoom eu já trabalhava, usei até acabar, toda rasgada no meio das pernas por
conta das coxas. Tive um Nike que a
lingueta até saiu de tanto puxar pra aparecer a marca, tive um iate comprado na
Mesbla rasgou no dedão, tinha um chulé horrível e quando minha mãe jogou fora
eu enlouqueci.
Eu andava
muito com a minha prima Priscila, e ela sempre foi muito linda, loira, fazia
ballet, tinha casa na praia, estava sempre bronzeada com aqueles pelinhos da
perna loirinho, eu me comparava e me sentia sempre inferior por conta da imagem
corporal, sempre gordinha. Quantas noites dormi com uma meia fina na cabeça pra
alisar o cabelo, que enrolado que não me permitia ter a franjinha da moda, o
cabelo repicado da moda, foi enrolar bem
na adolescência, época em que qualquer espinha parece um tumor, como eu queria
ser igual todo mundo, que fase difícil.
Quando entrei
no Ensino Médio, mudei de escola, comecei a trabalhar e o corpo ainda era um
problema, tantas dietas. Com 14 anos tive um namoro que três meses e com 15
anos tive um namoro que durou um ano e três meses, esse segundo namorado me
chamava carinhosamente de gorda e eu a ele de magrelo, apesar de ter conseguido
namorar nesta época eu estava sempre fazendo dietas para emagrecer. Com 17 anos
eu comecei a fazer teatro e o teatro mudou minha relação com o meu corpo e com
o meu medo do que pensariam de mim, o teatro fez com que eu valorizasse o meu
corpo e o meu pensamento, era uma gordinha feliz, sempre gordinha independente
do peso na balança.
Até os 48 anos
engorde e emagreci milhares de vezes e em alta velocidade, conheci meu
ex-marido eu estava com 74 quilos, o objetivo naquela época era vestir o
vestido do baile de debutante no aniversário de 40 anos, casei 1 anos e cinco
meses depois com 91 quilos num vestido plus size.
Durante a
pandemia cheguei a 107 quilos, tenho muitos vídeos desta época, além das aulas
gravadas para os alunos, organizava uns eventos virtuais para a família pelo
whatsapp, vou anexar alguns deles, eu não me incomodava com foto, vídeo, era a
mesma gordinha de sempre com 70gs ou 100kgs era a gordinha desencanada com a
imagem corporal.
https://youtu.be/pWOJ7f1ElLA?si=_rBOsyeHM_J6OiSG
(acesso em 20 de janeiro de 2025)
https://youtu.be/dgZwuHbRKQg?si=iwlDC3_waksYMS45
(acesso em 20 de janeiro de 2025)
Porém, quando
cheguei no meu peso ideal, pela primeira vez na vida eu ouvi de uma
nutricionista agora é manter, eu ainda me via gordinha, somente quando fiz a
abdominoplastia em outubro de 2023 que olhei para o espelho quando ia tomar
banho e vi exatamente o meu corpo como é, que experiência incrível que continuo
vivendo um dia de cada vez.